Não somos católicos, nem profundos simpatizantes da liturgia cristã, mas da forma como compreendemos havia algo na idéia do batismo que nos parecia importante; celebrar a chegada ao mundo através da nomeação.
Sentíamos vontade de ritualizar o encontro de nossa filha com a vida do lado de fora da barriga apresentando-a em festa às pessoas, coisas, forças vísiveis e invisíveis. Optamos então por criar nosso próprio ritual, escolher um local especial para nós, alguém querido para guiar a cerimônia, e os símbolos que gostaríamos de materializar.
No dia 2 de maio de 2009, numa fonte d'água em meio à clareira da mata exuberante de Aldeia-PE (o avô paterno de Cora e toda sua família são de Pernambuco) reunimos pessoas queridas de 4 estados diferentes para celebrar o encontro de nossa filha com o tempo.
Como sinal de boas-vindas um esquilo inesperado passeou bem perto de nós e as pessoas que chegavam pela trilha contavam de um arco-iris no caminho.
Para começar, Nó, nossa incrível anfitriã e mestre de cerimônia, falou sobre os motivos daquele encontro; apresentar nossa filha ao mundo e pedir proteção, afirmar o seu nome; do CORAção, da CORAgem, o feminino da COR, e agradecer o presente recebido.
Em seguida Érico, o padrinho, distribuiu um papel (última imagem de baixo) para que cada pessoa escrevesse algo de si para ser compartilhado com Cora, e Tiana, a madrinha, lhes entregou uma flor na qual deixariam o que não cabe na palavra.
Algumas músicas que amamos falavam durante a silenciosa concentração dos que estavam presentes. Um pouco depois alguns falaram desejando o que há de bom na vida para nossa pequena.
Era hora do padrinho recolher os papéis, colocados num baú para quando Cora souber ler e guardar, e a madrinha juntar as flores que foram sendo por ela costuradas num colar de bem-quereres.
Cora vestida de céu e já molhada (ela passou todo tempo brincando na água tentando pegar algumas flores que flutuavam na suprefície) vestiu seu colar de flores e foi gentilmente mergulhada na água. O mesmo colar foi depois entregue às aguas da lagoa, retribuição de tudo que ela recebeu e também um aprendizado do movimento de ir e vir das coisas.
Se estar naquele lugar tão bonito, cercados por pessoas amadas e celebrando a vida de nossa filha já eram motivos suficientes para nossa alegria imensa, ainda fomos coroados por um novo arco-íris entre a copa das árvores.
Neste dia o sagrado foi aqui e agora.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
que lindas imagens, lindo relato. daqui, pude receber um pouco da magia que cercou vocês nesse dia de comunhão com a natureza. estou certa de que não pode haver outro tipo de batismo.
muitos beijos na linda família.
Postar um comentário